Versos Ofídicos

Algumas linhas ofídicas (mas não ofensivas), venenosas (mas não mortais)...

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

A Última Dança

Ser realista, no mundo contemporâneo, muitas vezes pode significar o antônimo de ser otimista. Não quer dizer, também, que se seja necessariamente pessimista: se a Terra é um poço de merda, você está inteiramente chafurdado nela. Nem otimismo, nem pessimismo: realismo.

Contudo, algumas lições do cotidiano (sempre o cotidiano...) apontam para algo melhor, mais promissor, mais pertinente e, quiçá, para a felicidade concreta. Muitas vezes ignoramos a mola propulsora para tal via; geralmente à ela chama damos o nome sorte ou coincidência.

Aprendi tarde isso. O medo de arriscar fez-me perder muitas chances na vida, principalmente algumas que estiveram a todo momento na minha frente. Achava que era bom demais pra ser verdade ou que, se estava ali naquela hora, estaria depois. Enganei-me fatalmente. Perdi, mesmo sem jogar. A pior derrota; o pior pecado: a omissão.

Há alguns dias percebi que acabara a carga da pilha do meu relógio. Era como se estivesse seminu (porque andar sem relógio é como andar nu) a cerca de 3 metros da relojoaria. Tinha de ser assim: a necessidade pela oportunidade. Ali, no ato, troquei a pilha e o relógio está novo de novo.(quase novo...). Abracei a oportunidade e, ali, achei o caminho da felicidade. Às 10:46 voltei ao mundo real, o atoleiro.

Outrora talvez teria deixado pra depois, como já deixei muitas outras coisas muito mais importantes. Mas a vida me ensinou que, definitivamente, não devemos desperdiçar as oportunidades. Não é que elas podem ser únicas; elas são. Minha mãe sempre me disse pra não deixar pra amanhã o que pode ser feito hoje. Deveria tê-la ouvido mais. Ela também diz que nunca é tarde pra aprender. Uma coisa é certa: ela é a rainha do aforismo popular.

Não sou pessimista a ponto de achar que tudo está ruim, nem otimista pensando que tudo vai melhorar. Continuo sendo realista. E, apesar de ela não ir muito com minha cara, parei de subestimar a sorte. Para moldar o futuro, ao invés de bola de cristal, temos de ter coragem e sensibilidade (!!!). E quando a oportunidade chegar, temos de aproveitá-la. A primeira chance sempre é a última.

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Poema Pessoal

Já que o blog é uma página pessoal, uma espécie de diário virtual, segue um poema que, como o próprio título denota, vem com profunda carga subjetiva. Original de 15/02/2005.

POEMA PESSOAL

Tão logo percebi-me no mundo deserto
Descobri-me um ser pitoresco no Universo
Meus pés não mais passam, seviciam a calçada
E os meus óculos não aproximam mais nada

Minha cabeça é o tudo do nada
Macrocéfalo, cefaléia, cevada
Meu corpo, um tufão inerte
Um berne perene no cerne da derme

Se ao menos tivesse um norte
Um porquê para essas vestes
Teria de ser se estivesse estado

Nada é para sempre sempre
Mesmo se antes longe perder-me
Chegarei ao fim como um ser inacabado