Versos Ofídicos

Algumas linhas ofídicas (mas não ofensivas), venenosas (mas não mortais)...

sábado, 24 de dezembro de 2005

Não quero falar sobre Natal (mas preciso)

Certa vez escrevi que não existem dias importantes na vida, nenhuma data é data comemorativa. Isso há muito tempo. Passados vários anos, cresci, amadureci e, dessa asserção, nada mudou. E não mudou mesmo.
Em época de fim de ano, essa opinião pra mim se confirma. Tudo é simbólico. "Vamos ajudar o próximo, fazer o Natal de outra pessoa feliz". Como se só nessa época tais entes precisassem dessa ajuda...
A virada do ano é o momento mais simbólico do universo. Cheia de promessas, superstições, esperanças... Aí chega o dia 02/01 e vemos que nada mudou. Nem vai mudar.
Eu detesto os clichês peculiares ao ensejo: Papai Noel, panetone, cartão musical, Simone cantando Então é Natal, o coral das crianças de Petrópolis, Especiais de fim de ano da Globo ( e agora da Record também), e congêneres.
Entretanto, nesse mister, uma coisa me fascina: o chamado "espírito natalino" (que também é um chavão de fim de ano). É um momento que, independente das nossas crenças e credos, sentimo-nos mais a vontade para expressar sentimentos que insistem em não se mostrar no nosso (no meu, pelo menos) cotidiano. Exercício de Psicanálise. Por isso, gostaria de deixar um forte abraço para todos os meus amigos e parentes (sem citar nomes sob pena de pecar pelo esquecimento) e, em especial, dizer à minha mãe Jane e aos meus irmãos Israel e Renata que eles são a minha sustentação e motivação do dia a dia; não caio e nunca cairei por eles. Amo vocês.
Sem querer, acabei caindo nos ardis do Natal e Ano Novo. É assim mesmo. Deus abençoe a América (do Sul).

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Nostalgia da Modernidade* (parte 1)

Quando fiz 21 anos consegui passar no vestibular. Que alegria!!! Dois anos, alguns meses, muitos livros e várias elucubrações depois, o que de mais deliciosamente decepcionante a Universidade me ensinou foi que a vida em sua fase adulta perde seu encanto. Esse universo burocrático que descobrimos quando deixamos de ver e passamos a enxergar a realidade é impactante. Tudo hoje é mecânico (quando não também mecanizado).
Quando era jovem não. Na minha adolescência chamei uns amigos, quis montar uma banda de rock e mudar a história do universo. Pensava que podia transformar o mundo.
Talvez tenha sido esse meu grande erro: PENSAVA que podia mudar o mundo, não SABIA que podia.
Abaixo você vai ler (se tiver paciência) alguns trechos de músicas que compus para minha banda natimorta.

Vou, não sei se vou voltar
Vou, sem ter onde chegar
E se alguém perguntar o meu rumo ou destino
Se é que eu tenho
Eu vou dizer que nãããããããããõoooo...
(As aventuras do cavaleiro solitário na cidade fantasma)

Joven viciados dizem "não" às drogas
Jovens que se matam ou que nascem agora
Pobres, ricos, fartos ou com fome de poder
Somos jovens e queremos vencer
(Hora de vencer)

Carne, unha, sangue demais
Mas não existem vidas iguais
Todos nós temos algo a buscar
Procure também você vai encontrar
Talvez num detalhe ou numa saída
Um disco, uma rosa ou uma ferida
Carne, unha, sangue demais
Mas não existem vidas iguais
(O preço da bondade)

Um pensamento sem ação é ilusão
Uma ação sem pensamento é passatempo
Um pensamento e uma ação é quase tudo
Uma ação com pensamento pode mudar o mundo
(As mil faces)

Vilas e vales que se vêm através dos mares
Vidas à parte, o prazer e a arte
Fulano, futuro, religiosidade
Não gosto de falar sobre tais
São assuntos muito pessoais
(Oculto)

Eu me cortei nos cacos do meu coração
E lavei com as lágrimas da paixão
Insano, procurei uma razão
Ingênuo, caí na desilusão
E no meio de tantas incertezas
Eu achei confusão
(A 3ª ilusão)

É bom saber de nada
E que às vezes nada vezes nada
É nada mais do que nunca
E nunca é uma palavra
Que assim como nada
Nunca deve ser pronunciada
Por isso nunca diga nunca
Por nada nesse mundo
(Uma nova forma de viver)

Um homem sem história
Mais um cidadão
Que tem que fazer uma escolha
E só tem uma opção
(Quem sou eu?)

Viva cada momento
Como se fosse o primeiro
E aproveite
Como se fosse o último
(Carpe diem)

Mas, aos chefes de Estado
Aos loucos e fanáticos
À todos os veados
Inconstitucionalicimamente
Somos todos diferentes
Aos acontecimentos de ontem
E aos ignorantes olhos dos homens
(O lado negro da cidade)

Enfim, sua voz eu vejo o cheiro
O vento soa, a lua minguante
O som do silêncio some
Agora o vazio me consome
(Desabafo)

*Nostalgia da Modernidade é o título do 5° álbum solo de Lobão

Eu e o blog

Depois de passar meses a fio invadindo blogs alheios, descobri uma verdade universal: é mais fácil comentar do que escrever. Entretanto, em meus momentos delirantes e dialógicos com o blog (sim, eu falo mais com o blog do que com seu dono), cheguei a uma conclusão: o que que o Marcelo Tas*, o Juca Kfouri*, o cara do Kibeloco*, meu primo Ricardo*, o jornalista Kaique Santos*, Nelson Morais*, o pessoal do Blônicas*, e etc* têm que eu não tenho?
Entrei nessa vida também. E não há soro que purifique.


*http://marcelotas.blog.uol.com.br/
*http://blogdojuca.blog.uol.com.br/
*http://kibeloco.blogspot.com/
*http://www.teoriasumbilicais.blogspot.com/
*http://www.encontrodementes.blogspot.com/
*http://www.aomirante.com/
*www.blonicas.zip.net
*et cetera mesmo (todo mundo sabe pra que serve)