Lendas Urbanas de Vitória da Conquista
Vitória da Conquista é uma cidade pitoresca. Sempre foi mais fácil pra mim visualizar algumas características singulares desse município exatamente pelo fato de ser oriundo de outro. Ademais, o que se vê aqui não se encontra alhures. Absolutamente.
As pessoas de Conquista – pelo menos a maioria das que conheço – têm o despautério de considerar tal complexo demográfico como metrópole. Ora, meus amigos; Vitória da Conquista é um protótipo de cidade grande. Parece que tem cinema, parece que tem shopping, parece que tem opção de emprego, parece que tem boite, parece que tem Micareta, parece que tem shows que prestam, parece que tem 300 mil habitantes, parece, parece, parece... nada é.
Tanta ilusão me faz observar a maneira como os indivíduos se sobressaem em algum ramo. As peripécias individuais transformam pessoas até então comuns em verdadeiras lendas urbanas. Veja alguns exemplos:
# O prefeito de Conquista é uma lenda urbana, porque ninguém vê nem sabe ao certo se existe, embora corram fortes boatos na cidade que sim. Não sei, não: não se deve dar muito crédito a rumores. Vamos esperar as próximas eleições;
# O professor Adão é uma das legendas mais consolidadas em Conquista. Blindado com o escudo da opção (ou condição) sexual, está além do bem e do mal e é figura de influência dentro da comunidade teen (ou que pensa que é teen) do município. Tanto que seus dotes sofísticos carregavam 800 vestibulandos desesperados a uma revisão no melhor estilo talk show (R$ 15 a camisa !?) e o levaram a uma cadeira na Câmara dos Vereadores. Esse indubitavelmente tem talento. E retifique-se: nada contra o cara. Se ele é viado, o problema é dele.
# Glauber Rocha é uma lenda nacional, mas o fato de ser conquistense o transforma numa lenda urbana. Destacou-se mundialmente por inovar na forma de se fazer cinema. O cara foi embora de Conquista aos 8 anos de idade. Tudo que aprendeu e tudo que fez foi de Salvador pra lá, então não sei o porquê de tanta euforia que se vê aqui apenas por ser seu local de nascimento. Conquista em Holliwood é a Vila Serrana na apresentação internacional de Central do Brasil.
# Massinha, além de lenda urbana, é um personagem folclórico. Ajudou a firmar a Micareta de uma vez no calendário festivo da cidade. No início era literalmente o cara que fazia a festa. Conseguiu construir um império na área de promoção de eventos. Mas de uns tempos pra cá ele se tornou uma espécie de Rei Midas às avessas: tudo o que põe a mão vira merda.
Para finalizar, não poderia me esquecer de um fato tão abençoadamente inusitado: a santa no vidro do Complexo. Eu tive de ir ver para ter certeza. E tinha mesmo! Lembro-me que duas senhoras estavam com os joelhos naquele passeio áspero, com um terço entre as mãos e os olhos marejados virados pro céu esperando uma nova revelação. Só não contavam com um zelador enviado do cramunhão com uma maldita flanela e um Vidrex dos infernos para apagar dali aquela figura divina.
Há muito mais para se comentar sobre peculiaridades da cidade de Vitória da Conquista, mas em blog não dá pois fica muito extenso e ninguém lê. Dá pra escrever um livro sobre. Sei não; vou pensar na idéia...
As pessoas de Conquista – pelo menos a maioria das que conheço – têm o despautério de considerar tal complexo demográfico como metrópole. Ora, meus amigos; Vitória da Conquista é um protótipo de cidade grande. Parece que tem cinema, parece que tem shopping, parece que tem opção de emprego, parece que tem boite, parece que tem Micareta, parece que tem shows que prestam, parece que tem 300 mil habitantes, parece, parece, parece... nada é.
Tanta ilusão me faz observar a maneira como os indivíduos se sobressaem em algum ramo. As peripécias individuais transformam pessoas até então comuns em verdadeiras lendas urbanas. Veja alguns exemplos:
# O prefeito de Conquista é uma lenda urbana, porque ninguém vê nem sabe ao certo se existe, embora corram fortes boatos na cidade que sim. Não sei, não: não se deve dar muito crédito a rumores. Vamos esperar as próximas eleições;
# O professor Adão é uma das legendas mais consolidadas em Conquista. Blindado com o escudo da opção (ou condição) sexual, está além do bem e do mal e é figura de influência dentro da comunidade teen (ou que pensa que é teen) do município. Tanto que seus dotes sofísticos carregavam 800 vestibulandos desesperados a uma revisão no melhor estilo talk show (R$ 15 a camisa !?) e o levaram a uma cadeira na Câmara dos Vereadores. Esse indubitavelmente tem talento. E retifique-se: nada contra o cara. Se ele é viado, o problema é dele.
# Glauber Rocha é uma lenda nacional, mas o fato de ser conquistense o transforma numa lenda urbana. Destacou-se mundialmente por inovar na forma de se fazer cinema. O cara foi embora de Conquista aos 8 anos de idade. Tudo que aprendeu e tudo que fez foi de Salvador pra lá, então não sei o porquê de tanta euforia que se vê aqui apenas por ser seu local de nascimento. Conquista em Holliwood é a Vila Serrana na apresentação internacional de Central do Brasil.
# Massinha, além de lenda urbana, é um personagem folclórico. Ajudou a firmar a Micareta de uma vez no calendário festivo da cidade. No início era literalmente o cara que fazia a festa. Conseguiu construir um império na área de promoção de eventos. Mas de uns tempos pra cá ele se tornou uma espécie de Rei Midas às avessas: tudo o que põe a mão vira merda.
Para finalizar, não poderia me esquecer de um fato tão abençoadamente inusitado: a santa no vidro do Complexo. Eu tive de ir ver para ter certeza. E tinha mesmo! Lembro-me que duas senhoras estavam com os joelhos naquele passeio áspero, com um terço entre as mãos e os olhos marejados virados pro céu esperando uma nova revelação. Só não contavam com um zelador enviado do cramunhão com uma maldita flanela e um Vidrex dos infernos para apagar dali aquela figura divina.
Há muito mais para se comentar sobre peculiaridades da cidade de Vitória da Conquista, mas em blog não dá pois fica muito extenso e ninguém lê. Dá pra escrever um livro sobre. Sei não; vou pensar na idéia...
13 Comments:
At 9/2/06 10:21 AM, Anônimo said…
Perfeito este post...
Menti...
Não é perfeito, é muto bom, quase perfeito... mas opr que será que a orientação (e não opção) sexual de Adão o incomodou? Concordo com o show-man descrito por você. Alias, concordo com vc (e até ri!!) com quase tudo do seu post.
Analiso porquês e não vejo o que justifique seu medo de gays (homofobia) no trecho em que critica a sexualidade de Adão (e por tabela a de todos os gays) e ainda o chama de "viado" dizendo que o "problema " é dele...
Não o conheço, não sou amigo dele, mas talvez por isso emsmo veja o professor e não faça as vezes de "Big Brother" observando o que ele faz na cama. A mim não incomoda.
Reveja este conceitinho. Já que te icnomoda tanto a cidade que parece que é cidade, não seja apenas alguem que acha que tem a mente pra frente.... por atitudes tacanhas assim, Conquista acha tudo o que acha.
Abraços!
At 9/2/06 10:30 AM, Rafael Melo said…
Desculpe, amigo, por induzi-lo a uma interpretação pejorativa de minha citação. Não foi sinceramente minha intenção. Eu vivo num mundo (particular) onde, assim como no seu, não cabe qualquer tipo de preconceito. O que eu quis dizer é que ninguém tem coragem de critiar o professor Adão exatamente pelo fato de sua opção, ou condição ou orientação sexual, e ser taxado de preconceituoso (o que acho que aconteceu agora). Mas a crítica é sobre ele enquanto um profissional, sem nenhuma intenção homofóbica. Muito obrigado pela atenção.
At 9/2/06 11:24 AM, Anônimo said…
As pessoas mais observadoras e coerentes também enxergam Vitoria da Conquista com esses olhos... Mas, são bem poucas, tá! Logo, esse post é de grande relevância social. Digamos de grande utilidade pública! Como disse Jesus: Quem têm olhos de ver, que vejam.
Abraços!!
At 9/2/06 1:37 PM, Anônimo said…
Cara, você foi na ferida, enfiou o dedo e rodou... Eu não sou tão boa quanto vc pra expressar o que sinto quando vejo tanta falta de nexo no cotidiano e na história dessa cidade, por isso não me proponho a escrever sobre ela (os não conhecimentos tecnológicos também colaboram). Mas, você me deu o gostinho de perceber q é possível que outras pessoas pensem como eu, mesmo sendo filha daqui, ou mais por ser filha daqui.
Muito pra dizer... Resumindo: vc escreve muito bem!
At 9/2/06 4:48 PM, Anônimo said…
Rafa vc já sabe o q eu acho sobre seus escritos,mas vc tá se superando a cada dia;
Concordo c tudo q vc diz,aqui pensa q tem tudo mas se for ver direito ñ tem nada...só mesmo a vontade de ser e de ter...
Vc sabe se expressar muito bem!!!!!!
Isso é uma das coisas q me encanta em vc!!!!!!!!!
beijos;
Dard
At 10/2/06 8:41 AM, Anônimo said…
Poxa pensei q iria haver + criticas apesar de concordar com o texto e vc esqueceu de citar outras atitudes de algumas pessoas citadas aí + tudo bem !!!rsrsrsrs
At 10/2/06 9:04 AM, Ricardo Ferreira said…
A única coisa que realmente me incomoda em Conquista é a demasiada importância que se dá aos nomes de família, que é um traço oligárquico ainda resistente na cidade. Isso atrapalha a implantação da meritocracia, muito benéfica a qualquer município, pela sua relevância quanto ao progresso. Há mudanças, poucas e discretas, em função de fatores macroeconômicos que se sobrepõem, pela própria força, a esses detalhes de economia feudal.
Apesar dessas considerações, não posso deixar de reconhecer o valor das pessoas simples dessa terra que me acolheram tão bem e ensinaram-me princípios éticos importantes, querendo ou não, consciente ou inconscientemente.
Perdôo-lhes inclusive a megalomania. O conquistense é provinciano, de fato. E esse pessoal acima é minoria, graças a Deus.
Saudações umbilicais.
At 11/2/06 2:55 PM, Anônimo said…
(junior)gênio!!!!!!!!!!!!!!
At 17/7/06 6:30 PM, Anônimo said…
Sou de Jequié e moro em Brasília, mas passei muito da minha infância em VC. Não gostava daí quando morava nela. Hoje não reencontro muitos amigos da época da escola, devem ter ido embora um dia, como eu. Mas, distante, aprendi com a saudade que o que faz uma cidade são as árvores, as praças, as ruas, os paralelepípedos, e em ViCon tudo foi arrancado, destruído, a Serra desapareceu, a Praça da Bandeira ruiu pra um laguinho insosso, a Pça. Barão sem o "OXO" no meio virou um estacionamento abominável, o Ginásio Raul Ferraz é um fantasma no Google Earth, o Madrigal apodrece junto com sua galeria, o Taquara era longe, hoje é meio do caminho pro Conquista VI, a Rio-Bahia, meu Deus! Asfaltaram as ruas de pedra, absurdo! E etc. e tal. Talvez o que ainda preserve uma mística do passado seja o Lomantão, mas que nunca mais teve jogo que preste. A saudade faz a gente voltar e chorar um tempo que não volta mais. O que fica é o que há de pior, mas se o Massicas não existisse, sentiríamos falta dele ("complexo do out-door"-David Byrne). A classificação de Conquista como provinciana é exata sem ser pejorativa, pois não haveria de se esperar muita coisa de uma cidade como a "nossa". Exijo que o blog continue essa pauta! Um abraço, Rafael
Emerson Aprile - aprile72@gmail.com
At 15/12/07 11:53 AM, oculos said…
Muito interessante mesmo!
At 10/10/10 10:53 AM, ANDRÉA said…
Quer saber,
Você é um ridículo que nasceu nm cuzinho de mundo e acha que pode detruir a imagem de uma cidade em ascensão.
Conquista não é a melhor cidade do mundo, mas nem Paris, Washington ou Tóquio, e muito menos Salvador, são.
Conquista é minha terra, e só pode ser o que o povo faz dela.
Agora, os penetras é que às vezes atrapalham, pois detestam a cidade, mas usam os hospitais, transportes, comércio...
At 8/12/14 3:22 PM, Anônimo said…
Não gostei, pois estava procurando uma verdadeira lenda.
At 8/12/14 3:23 PM, Anônimo said…
Odiei.
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